14/03 Um mês após o Dia do Jogo Justo, mercado de games ainda se organiza para exigir mudanças

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— Publicado em: 14/03/2011 11:12

Evento que vendeu jogos sem tributos alertou autoridades para o tamanho do segmento no Brasil

Dia do Jogo Justo serviu para mostrar o potencial do mercado de games no país

Especial para o RROnline*

Milhares de aficionados por jogos eletrônicos aguardaram ansiosamente a abertura de lojas de videogames em todo o Brasil no último dia 29 de janeiro. O motivo não era o lançamento de um novo console ou de uma nova edição de “Call of Duty”, mas sim o início do Dia do Jogo Justo, em que lojistas venderam jogos sem a cobrança de impostos com o objetivo de demonstrar o potencial do mercado de games brasileiro. Passado mais de um mês desde a ação coordenada dos comerciantes, alguns resultados já podem ser conferidos.
Mercado forte no exterior, mas ainda tímido no Brasil
A indústria dos videogames teve um faturamento de US$ 50 bilhões no ano de 2009, o equivalente a R$ 87,5 bilhões. No Brasil, os games movimentaram R$ 87,5 milhões no mesmo período, segundo o último balanço realizado pela Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames)
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), por exemplo, vestiu a camisa do projeto Jogo Justo e pretende pressionar o governo federal para obter incentivos fiscais para a indústria de jogos eletrônicos brasileira, enviando uma carta ao Ministério de Ciência e Tecnologia sugerindo medidas para este fim.
A Câmara dos Deputados, por sua vez, também se tornou palco para a discussão de melhorias para o setor. O deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) criou um projeto de lei que pretende estender a Lei da Informática para os videogames. A aprovação do projeto faz com que as produtoras de jogos eletrônicos sejam isentas do IPI, com exceção do eixo sul-sudeste, que pagará somente 5% do imposto. Anteriormente, o deputado Carlito Merss (PT-SC) propôs o mesmo, mas a proposta não recebeu devida atenção e está parada até hoje no Congresso.

Se os preços dos games continuam altos e os jogadores ainda precisam arranjar meios alternativos para sustentar esta paixão, o termômetro chamado Dia do Jogo Justo, pelo menos, deixou os consumidores otimistas quanto ao futuro do setor. ”Esse projeto pode ser a nossa única salvação para o mercado de games e, depois de resultados tão positivos, acho que é uma questão de tempo até os preços finalmente caírem e isso é ótimo”, concluiu o estudante de direito gaúcho Renan da Luz de Souza, 18 anos, um dos jogadores que marcaram presença na promoção de janeiro.

“Fui de Sapucaia até Porto Alegre de trem e cheguei à loja por volta das 10h30. Descobri que o último jogo da promoção era da pessoa à minha frente na fila, mas fiquei lá mesmo assim. O dono da loja chegou até mim e disse que um guri foi embora e o “Castlevania” dele estava sobrando”, lembra o estudante.  Renan não comprava um jogo no Brasil havia anos, tendo optado por importá-los através da internet. “Comprava com meus pais quando era criança, mas chegou um ponto em que os jogos começaram a ficar muito caros. Agora, só compro pela internet, de vendedores qualificados. O preço deles é quase a metade do preço cobrado nas lojas”, explicou.
Você sabia?
Segundo pesquisa realizada pela Abragames, nove de cada dez jogos vendidos no Brasil são falsificados. Já os originais são importados, tanto os legais, vendidos oficialmente pelas produtoras, quanto os ilegais, à venda no comércio popular.

A ação do começo do ano foi realizada pelo Projeto Jogo Justo, idealizado pelo administrador de empresas Moacyr Alves Junior, em parceria com algumas lojas de games, e vendeu jogos por  R$ 99,99. Os mesmos produtos custariam cerca de R$270 em dias normais, com os tributos. Para a promoção, foram disponibilizadas 5.000 peças de três jogos: “Pro Evolution Soccer 2011”, para o Wii, “Assassin’s Creed: Brotherhood”, para Xbox 360, e “Castlevania: Lords of Shadow”, para Playstation 3. As vendas foram positivas, atingindo uma média de sete games vendidos por minuto. O organizador da operação se diz satisfeito com o resultado e já planeja novas edições do evento.

Outro jogador que aderiu ao movimento foi o programador Johnatan Soares Modesto, 24. “Tentei comprar no site do Wal Mart, mas o site caiu devido aos muitos acessos. Felizmente consegui chegar a uma loja a tempo de comprar meu “Pro Evolution Soccer 2011”, contou. Johnatan acredita que a redução nos preços dos games deve melhorar a oferta de vagas de emprego no setor.

“A longo prazo e com investimento, podem aparecer mais faculdades oferecendo o curso de desenvolvimento de jogos, além de um aumento na fabricação e localização dos jogos aqui no Brasil”, concluiu. Desta forma, o programador poderá cumprir seu objetivo inicial ao cursar Ciência da Computação na Universidade São Judas Tadeu: programar jogos para videogames.

A ação também contou com diversas palestras ao redor do país em universidades e escolas relacionadas à área com o objetivo de informar a população sobre a realidade dos games. Em São Paulo, marco zero do projeto, Moacyr anunciou a ativação da Associação Comercial Industrial e Cultural dos Videogames, instituição que tem o objetivo de representar e regulamentar o mercado brasileiro de games, além de incentivar a área culturalmente.
Entenda por que os games são tão caros no Brasil
A maioria dos jogos para videogames não são produzidos no país e, por isso, precisam ser importados.  Desta forma, uma série de impostos são cobrados sobre os produtos. Veja relação abaixo:
•     20% de imposto de importação
•    1,65% de PIS (Programa de Integração Social)
•    7,6% de COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social)
•    25% de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços)
•    50% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Também há incidência da margem de lucro dos vendedores que, segundo o dono da rede UZ Games Marcos Khalil, varia de 9% a 11% para consoles e 27% a 30% para os jogos. Desta forma, um lançamento que custa US$ 60 nos EUA é vendido por R$270 no Brasil.
*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo

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