Antonio Carlos Mendes Thame

A conscientização popular integra o tripé essencial no combate à corrupção. Neste último ano, acompanhamos o despertar do povo brasileiro, que passou a ter a percepção de que os problemas do dia a dia tinham origem também no desvio de recursos públicos e reagiu, foi para as ruas protestar, pedir mudança política, mudança de modelo do sistema, da cultura política, do comportamento dos políticos.

No último domingo, seus reflexos atingiram as eleições municipais, com boa parte dos resultados definidos neste primeiro turno. O eleitor priorizou representantes que tenham honestidade, competência para gerenciar o bem público e sensibilidade política. É um primeiro passo para que seja colocado fim a um ciclo de corrupção generalizada, sistêmica e endêmica, que tomou conta do país nos últimos anos.

O momento exige uma maior reflexão. Qual o papel do agente público, seja ele vereador, prefeito, deputado, senador ou presidente da República? Qual o papel da população, que elege os seus representantes, os quais vão elaborar as leis e gerenciar o município, o Estado, o País?

Quando entrei para a política, há mais de 30 anos, recebi do ex-deputado, ex-prefeito de Piracicaba e ex-vereador Francisco Salgot Castillon um conselho valioso, que guardo até hoje: a ação política só faz sentido se for para melhorar a vida das pessoas.Trago esta lição comigo e procuro diariamente colocá-la em prática, como político e como cidadão.

No final de semana, cumprimos uma etapa no processo de mudança que buscamos para o nosso país. Agora, é hora da cidadania. Como eleitores, temos o dever de acompanhar e fiscalizar o trabalho dos representantes que escolhemos. A palavra de ordem é informação.

Com a internet, temos a possibilidade de pesquisar os portais de transparência, projetos de lei apresentados por vereadores, deputados, senadores e ações do Executivo. Podemos verificar se as propostas de governo estão sendo executadas.

Presencialmente, na esfera municipal, cada eleitor pode entrar em contato com os candidatos que elegeu, para exigir posições em temas importantes ou promessas de campanha. Enfim, agora passa a ser hora de cobrar. Todo político é um servidor público e deve satisfação a quem o elegeu.

Nos municípios, este controle está mais próximo. A população tem a oportunidade e o direito de saber onde estão sendo aplicados os recursos dos impostos que paga. De cobrar políticas públicas em áreas vitais como saúde, educação, segurança, transporte e meio ambiente, entre outras. E é nas nossas cidades que temos uma proximidade maior com os gestores públicos. É nesse universo que começa a maioria da carreira dos políticos, que posteriormente podem ocupar cargos nas esferas estadual e federal.

Começa agora uma nova era, um novo caminho na construção de um país melhor, que atenda às mudanças que a população tanto deseja e pelas quais tanto espera.

Antonio Carlos Mendes Thame é deputado Federal pelo PV-SP, presidente do Capítulo Brasileiro da Organização Global de Parlamentares no Combate à Corrupção (GOPAC) e presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção