24/11 Alta da inflação é desafio para 2011, dizem parlamentares

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A inflação oficial registrada em 2010, que chegou a 5,9% – a maior desde 2004 –, preocupa parlamentares da base aliada e da oposição. A elevação da taxa de juros básicos da economia (SelicÉ considerada a taxa básica de juros da economia, por ser usada em operações entre bancos e ter influência sobre os juros de toda a economia. A taxa brasileira é uma das mais altas do planeta, atraindo para o mercado financeiro o dinheiro que poderia ser investido em atividade produtiva. É definida mensalmente pelo Banco Central. Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, criado em 1979 pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos. O Selic é um sistema eletrônico que permite a atualização diária das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancárias. Hoje, Selic identifica também a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. Cerca de metade da dívida pública está atrelada à Selic. Essa é a parcela da dívida chamada de pós-fixada.) de 10,75% para 11,25%, anunciada pelo Banco Central na última quarta-feira (19), é apontada pelos dois lados como remédio amargo para combater a alta dos preços. Apesar das divergências, é consenso que a presidente Dilma Rousseff vai precisar encarar como prioridade o problema que parecia ter ficado no passado.

Os dados divulgados pelo IBGE indicam que a inflação voltou a ser uma ameaça real. Alguns índices de preço mostram que o custo de vida está ainda mais caro do que o registrado pelo IPCAMede a variação de preços referentes ao consumo de famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, entre os dias 1º e 30 do mês de referência. Abrange nove regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Porto Alegre e Curitiba), além do município de Goiânia e de Brasília. Calculado desde 1980, oferece uma medida do movimento geral dos preços no mercado varejista. Desde 1999 é usado pelo Banco Central para medir as metas de inflação., índice considerado pelo governo. Para citar alguns exemplos, o índice conhecido como inflação de baixa renda (IPC 1) fechou o ano em 7,33%. Considerando isoladamente as despesas com alimentação, o aumento ultrapassou 11%.

“O controle da inflação é o maior desafio do novo governo, como foi o dos últimos. A crise mundial e a fartura de câmbio acabou gerando esta ameaça inflacionária, que não é só de demanda, mas também de custo”, argumenta o presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, deputado Dr. Ubiali (PSB-SP).

Na avaliação de Dr. Ubiali, a alta dos preços pode ser atribuída, entre outros fatores, aos custos da produção. “O transporte, por exemplo, é muito caro, nossos portos estão ineficientes, embora tenham melhorado. É preciso reduzir o custo que separa produtor do consumidor”, argumenta.

Na avaliação do deputado Sandro Mabel (PR-GO), a alta inflacionária pode ser atribuída a dois motivos principais. “Primeiro, há tempos o Brasil não experimentava um crescimento tão grande. Esse crescimento faz com que, muitas vezes, a produção não acompanhe a demanda. Outro fator que empurrou a inflação para cima foi o preço dos alimentos. As principais commoditiesTipo particular de mercadoria em estado bruto ou produto primário de importância comercial, como o café, algodão e cobre, carne e minérios, entre outros.   que compõem a alimentação dos brasileiros tiveram os preços aumentados”, afirma o parlamentar.

Para Sandro Mabel, o grande desafio do governo da presidente Dilma será manter o crescimento econômico e o controle da inflação. “A inflação é o pior imposto a que as pessoas mais pobres estão sujeitas. O Executivo deve ficar atento, e o Legislativo tem que apoiar essa atenção de forma decisiva”, defende.

Negligência e euforia

Na avaliação do deputado Guilherme Campos (DEM-SP), a ameaça inflacionária é resultado de “negligência e euforia por parte do governo anterior de achar que tudo podia e que não haveria repercussão econômica de ordem alguma”. Para ele, o governo federal deveria ser mais responsável em conter os gastos e promover o ajuste fiscal. “Esses gastos foram inflados pelas sucessivas benesses que aumentaram os salários e os custeios”, afirmou.

Apesar de entender que ainda é cedo para dizer que a inflação está fora de controle, Campos afirma que o Congresso deve ficar vigilante. Ele destaca que é preciso aguardar pelo menos um semestre para avaliar se as medidas tomadas pela atual gestão surtirão efeito. “Temos que lembrar que toda a sociedade sofre com o que o governo erra e tem benefícios com o que acerta”, argumenta.

O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) também atribui o descontrole inflacionário às despesas do governo na contratação de pessoas. “Nós estamos entrando numa fase extremamente difícil. E a razão disso é a farra fiscal que caracterizou o governo federal no ano passado”, afirma.

Na avaliação do parlamentar, o governo deve se empenhar em manter o controle da inflação, o superávit primárioResultado positivo entre a arrecadação global do setor público (excluídas as receitas obtidas com aplicações financeiras) e o total de gastos gastos, desconsiderando as despesas com juros. O poder público, ao se impor o superávit primário, busca evitar o excesso de despesas. Esse dado é um dos principais termômetros observados pelo investidores estrangeiros para medir a capacidade de um país pagar os credores em dia. Além disso, o saldo de arrecadação obtido é utilizado para pagamento da dívida pública.  e o regime de câmbio flutuante. Para Mendes Thame, a grande dificuldade do governo será manter a sintonia fina para o País continuar crescendo sem inflação. “Dizer que o futuro crescimento do País automaticamente vai controlar a inflação é acreditar em Papai Noel.”

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