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31/01/2017 | Cidade mais saudável – Série Prefeitos

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O deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame foi prefeito de Piracicaba entre 1993 e 1996

Ser prefeito é a função mais difícil e, ao mesmo tempo, é a que dá mais satisfação pessoal’, destaca o ex-prefeito

O desenvolvimento econômico, territorial e social de Piracicaba era mais um desafio para o prefeito, além da defesa do meio ambiente que se tornara urgente. Eleito em 1992, pelo PSDB, Antonio Carlos Mendes Thame, atualmente deputado federal pelo PV, procurou ampliar a descentralização dos serviços municipais em diversas áreas, criou os Clubins, que atendiam as crianças no contraturno da escola e foi o primeiro presidente do Comitê Estadual das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que permitiu captar recursos e investir no saneamento da região.

O objetivo da descentralização era oferecer o atendimento da prefeitura para toda a população que residia nas áreas ao redor do Centro e na periferia e também resolver alguns problemas da área central, como o Pronto Socorro que ficava na avenida 31 de Março.

“Naquela época, tínhamos apenas um pronto-socorro para boa parte da população e ele ficava inundado quatro meses por ano. Nesse período, as pessoas mais necessitadas não tinham onde buscar socorro. A população sofria muito e não tinha muito que fazer naquela área. Era necessário mudar. Foi quando demos continuidade ao plano de descentralizar os serviços. A ideia era enxergar Piracicaba como um conjunto de cidades unidas”, disse.

As regiões da Paulista e Pauliceia, Vila Rezende, Piracicamirim,

Vila Sônia e Santa Teresinha receberam projetos. “A ideia não era original, foi iniciada pelo prefeito anterior, mas eu viabilizei recursos para concluir o projeto das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) nessas regiões, como também ampliar o acesso à locomoção com as grandes centrais de integração. Construí os terminais da Vila Sônia, Piracicamirim e Paulista. Quase todos eu fiz”, afirmou Thame.

A segurança foi outro setor descentralizado. Sedes regionais da Guarda Civil Municipal passaram a ser instaladas nos bairros, em determinadas regiões. A medida agilizou o atendimento à população, melhorando a segurança no município.

CLUBINS

Naquela época, o processo de municipalização da educação estava ainda no início. Outro desafio foi o de continuar construindo creches. “Aumentamos o número de vagas das escolas de educação infantil, mas o nosso maior problema era no ensino fundamental. Também precisávamos ampliar as atividades das crianças. Por isso, criamos os Clubins”, comentou Thame.

De acordo com ele, a ideia era uma forma econômica e eficiente para manter as crianças com atividades no período contrário ao da escola. “Essa medida permitiu que as mulheres que tinham filhos com mais de sete anos, já estudando no ensino fundamental, pudessem trabalhar fora e as crianças tinham o turno completo na escola”, explicou.

Piracicaba contava com mais de 40 Clubins. “Inaugurei o primeiro com a presença do saudoso bispo diocesano Dom Eduardo Koaik, na região do Novo Horizonte. Lembro bem daquele dia. Estava chovendo bastante e mesmo assim ele foi. Era uma pessoa querida”.

Thame costumava medir também a eficiência de sua gestão a partir das reclamações da população. “Quando não tinha nenhum problema, era porque os projetos estavam indo bem e assim foi com os Clubins e outras ações. Naquela época, a população tinha o hábito de ir muito ao gabinete, levar reclamações de alguma coisa que não estivesse funcionando bem. Quando não iam, era sinal de que estava tudo bem”, afirmou.

DESENVOLVIMENTO

O ex-prefeito buscou trazer para Piracicaba empresas do exterior, principalmente dos Estados Unidos. “Havia um impedimento maior, que era a legislação nacional. A vinda das empresas não dependia do prefeito. A cidade tinha muito a oferecer em infraestrutura, em relação a outros municípios do país, mas não era mais atraente que outras cidades em outros países”, explicou.

Era um momento de mudança do país. E a vinda de mais empresas do exterior para ampliar a oferta de emprego no município era algo almejado, porém, difícil.

ÁGUA

O primeiro Comitê de Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo foi uma iniciativa de Piracicaba. Thame foi o primeiro presidente do órgão, que passou a gerenciar os fundos para a recuperação dos recursos hídricos. “Foi um momento no qual foi introduzido o conceito de bacia. Fomos também o primeiro a receber recursos do Fundo Estadual para os Recursos Hídricos (Fehidro), a fundo perdido. Foram quase R$ 20 milhões para investir na coleta e tratamento de esgoto”, contou o primeiro presidente do Comitê Estadual das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

(PCJ).

Com o conceito de bacia definido para a região, o comitê decidiu que as cidades que ficavam mais próximas da cabeceira dos rios seriam as primeiras a receber os recursos para a execução de projetos de saneamento, principalmente o tratamento de esgoto. “Isso aconteceu em 1996. Quatroanos depois, um estudo do Data SUS – setor de análise de dados do Sistema Único de Saúde (SUS/192) que, na época, era presidido pelo ex-prefeito Gabriel Ferrato, no Ministério da Saúde – comprovou na região a mesma indicação da Organização Mundial de Saúde (OMS) a nível internacional.

A OMS e o Data SUS analisaram que para cada dólar investido em saúde, são economizados quatro dólares nos anos subsequentes. Porque haverá uma população menos doente, que vai menos para os hospitais”, argumentou.

Thame ressaltou ainda que mais da metade dos leitos hospitalares é ocupada por pessoas que ficaram doentes por doenças veiculadas pela água. “Isso acontece de três formas: a primeira pelo contato epidérmico com a água contaminada e suja. A segunda pela ingestão de água contaminada – estudos mostram que a mortalidade infantil despenca quando há o afastamento sanitário, medida pela qual não precisa nem tratar o esgoto Só tirá-lo de perto das casas. A terceira forma é a proliferação de mosquitos transmissores de doenças. Esses insetos põem seus ovos nas águas e temos problemas seríssimos, como zika, dengue, malária. Somando tudo isso, ocupam-se mais da metade dos leitos em hospitais no país. Então, investindo em saneamento básico corretamente, economizo gastos em hospitais. Sempre digo: a ordem dos fatores afeta o produto. Em administração pública é o contrário do que aprendemos na escola.”

Já no segundo ano de gestão do comitê, o recurso teve uma queda de 20 vezes no valor obtido no ano anterior. “Afirmo essa queda porque outros comitês foram formados no Estado e os recursos passaram a ser divididos”, disse. Ele comentou que os comitês são eficientes porque permitem a participação de todos. “Os representantes dos poderes constituídos (federal, estadual e municipal),das empresas e dos usuários formam os comitês. Portanto, tendo ampla participação, há envolvimento e corresponsabilidade. Hoje temos uma cidade muito mais saudável do que tínhamos há 22 anos, porque os prefeitos que me sucederam deram sequência aos projetos de saneamento por meio do comitê”.

AVALIAÇÃO

Trabalho para população

Para Thame, algumas administrações municipais marcam mais que outras, mas ele afirma que há setores elementares que precisam ter atenção e ser importantes e que ele procurou desenvolver: a participação das mulheres na prefeitura, a ética, o combate à corrupção e a sustentabilidade.

“Temos 40% dos lares brasileiros dirigidos por mulheres, que tomam conta da casa e sustentam os filhos sozinhas. Atualmente, com o projeto de lei que apresentei que resultou na criação da legislação do Microempreendedor Individual (MEI), os prefeitos devem prestigiar essa medida porque ela permite a essas mulheres trabalharem em casa e também gerar mais empregos”, diz. “O prefeito que prioriza o MEI e o Simples está ligado ao emprego”.

Para ele, a sua gestão também é marcada pela ética na política. “Ela é fundamental. Todo recurso arrecadado deve ser destinado para melhorar a situação notadamente daqueles que mais precisam das políticas públicas, que são os mais pobres. Se eu tiver combate à corrupção, apoio à pequena empresa e prioridade para as energias limpas, sustentabilidade na produção, Piracicaba pode ser um centro de produção agrícola sustentável. E, lamentavelmente, Piracicaba não tem uma Comissão de Agricultura na Câmara. Deveria ter. Só tem de meio ambiente, que pode suprir e fazer uma coletânea de incentivos para a produção orgânica, sem defensivos”. O ex-prefeito revelou que, mesmo tendo mandato na Câmara dos Deputados, a administração pública municipal é a que dá mais satisfação pessoal direta. Ele tinha 46 anos quando foi eleito prefeito e, naquela época, não tinha a reeleição. “Se, ao meio-dia, a secretária ainda não tinha passado nenhum problema é porque ela estava sonegando informação. Impossível que, em uma cidade de 300 mil pessoas, tudo dê certo. O prefeito tem de estar atento e todos os dias ligado aos problemas da cidade. As soluções dos problemas dependem sempre de estar acompanhando tudo. Ser prefeito é a função mais difícil e, ao mesmo tempo, é a que dá mais satisfação pessoal – claro, para os que são honestos e que não têm receio de nada. Para aquele que sabe que seu pagamento é a satisfação da população, porque se ele não fizer nada para melhorar a vida das pessoas, passou em branco na administração”. O prefeito também conta com apoio dos servidores para que o governo desenvolva as políticas públicas. “Via de regra, a prefeitura de Piracicaba tem servidores muito qualificados e que são comprometidos com a cidade”.

ADRIANA FEREZIM
Da Gazeta de Piracicaba

 

Matéria publicada na Gazeta de Piracicaba – dia 29/01/17

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