Tucanos celebram 30 anos das Diretas Já e destacam lições deixadas por movimento cívico
Deputados do PSDB participaram nesta quarta-feira (7) de sessão solene em homenagem aos 30 anos da campanha Diretas Já, um dos movimentos de maior apoio popular da história brasileira. Como apontou o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), o movimento promoveu uma verdadeira inspiração cívica ao país após duas décadas de regime militar. “Se a população não derrubou o governo de imediato, na verdade apressou o seu fim. Foi nas ruas das diversas cidades brasileiras que se desenhou uma vitória contra a qual não haveria forças que a impedissem”, apontou da tribuna.
Com início em 1983, a campanha exigia eleições diretas para o cargo de presidente da República. O movimento ganhou apoio de partidos e, em pouco tempo, a adesão da população, que foi às ruas pedir a volta das eleições diretas.
Autor da proposta que restabelecia votação direta, Dante de Oliveira discursa em plenário. Tucano morreu em 2006.
Político experiente, o tucano lembrou dois fatos que marcaram a campanha das Diretas Já. O primeiro ocorreu em 25 de janeiro de 1984, reunindo na Praça da Sé 300 mil pessoas, número até então nunca visto para uma manifestação no país. O segundo evento ocorreu em 16 de abril quando, no Comício das Diretas, no Vale do Anhangabaú, reuniram-se 1,5 milhão de manifestantes. “O povo queria mudanças e a redemocratização do país”, recordou Thame, que falou em nome do PSDB e da família Mario Covas.
Apesar de todo o esforço da população, houve uma grande frustração quando, foi rejeitada a emenda conhecida como Dante de Oliveira, então deputado autor da proposta que restabelecia a votação direta (a foto acima retrata o dia da histórica sessão). Faltaram somente 22 votos para que a proposta seguisse para o Senado. “Foi uma votação marcada pela interferência do governo Figueiredo, que havia declarado Estado de Emergência, cercando o Congresso com militares na véspera da votação, prendendo dois parlamentares e censurado a imprensa”, lembrou o parlamentar.
Mas, menos de um ano depois, o colégio eleitoral elegeu Tancredo Neves como o primeiro presidente civil em 20 anos. Iniciou-se um período de consolidação da redemocratização e que deixou um legado para o povo. “O grito que ecoou das campanhas nos permite lembrar que ninguém é dono do Estado e nem tem privilégio de se perpetuar indefinidamente no poder. Ajuda também a perder um pouco da arrogância que muitos exibem ao se mostrarem extremamente agarrados a ele”, avaliou Mendes Thame.
Em janeiro de 84, milhares de pessoas lotaram a praça da Sé para comício que marcou o movimento pelas Diretas. Em seu discurso, Thame relembrou este momento.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) lembrou das lutas enfrentadas por todos que viveram aquele tempo, mas considera preciso mudar para melhorar o Brasil de hoje. “Sem reformas não há como dar justiça social para milhões de brasileiros. É preciso um pacto federativo, social e que não haja um sistema tributário injusto”, cobrou.
O tucano afirmou ainda que o Brasil tem potencial para crescer e que as mudanças feitas desde as Diretas Já devem servir de impulso. “Precisamos crescer, mas com esse empurra-empurra não dá. A responsabilidade hoje é maior do que naquela época, em que era o sonho a abertura política. Hoje, temos uma das nações mais complexas do mundo”, alertou o parlamentar.
(Reportagem: Paulo Simões/Fotos: Acervos Senado e Câmara/Áudio: Hélio Ricardo)
Fonte: PSDB na Câmara