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24/04/2015 | Por que ainda não somos uma potência tropical energética?

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Antonio Carlos Mendes Thame

 artigothamejp240415Todos os dias, jornais do mundo inteiro estampam notícias sobre a necessidade de mudar a matriz energética, de combater o uso indiscriminado de combustíveis fósseis e utilizar fontes de energia renováveis e menos poluentes. As mudanças climáticas, também causadas pela emissão dos gases poluentes oriundos da produção de energia, e a necessidade econômica e estratégica de depender menos do petróleo e de outros combustíveis fósseis estão entre as razões para os apelos.

O Brasil está destinado a se tornar uma potência tropical energética, graças à abundância de sol e água, que propiciam a produção de combustíveis a partir da biomassa. O problema é que o país ainda patina nessa missão, que é urgente.

O uso de novas fontes requer que estas sejam capazes de substituir as atuais fontes primárias e, ao mesmo tempo, sejam limpas ou menos poluidoras. O aumento do consumo energético coloca em xeque as fontes esgotáveis e poluidoras, mas a mudança da nossa matriz energética __que vai deflagrar todo o processo__ precisa estar baseada em quatro pontos, esses sim capazes de nos colocar na condição de potência.

O primeiro deles diz respeito ao apoio às fontes renováveis para que, agregando essas fontes, tivéssemos elementos concretos, comprovando que o Brasil está no caminho de ser um país de energia limpa.

O segundo ponto é a eficiência energética. Desperdiçamos muita energia com equipamentos e iluminação pública. Incentivos fiscais para a substituição desses sistemas por Led (sigla em inglês que significa diodo emissor de luz) impactariam de forma expressiva o consumo.

A criação de microprodutores de energia é o terceiro ponto. Há países em que as mantas solares das casas produzem energia e o cidadão dispõe de um sistema binário que lhe permite vender o excedente para a rede, recebendo em dinheiro pelo que não gasta. No Brasil, o consumidor fica credor da energia, mesmo se não usar, o que constitui estimulo à gastança e desperdício.

Um último ponto para a consolidação do cenário está na liberdade de escolha, a mesma portabilidade que temos no setor de telefonia. Não faz sentido ser cliente cativo de uma única empresa produtora ou fornecedora de energia. É preciso estender a liberdade de escolha para todos os clientes, independente do seu tamanho.

O Brasil tem condições concretas de ser líder mundial na produção de energia limpa. A mudança de consciência energética por que passa o planeta pode ser garantia de futuros mercados ao biocombustível brasileiro, mas ainda não é uma realidade.

Também não está claro o nosso futuro operacional. O país deverá chegar a mais de 220 milhões de habitantes em 2050. Desse total, quase 90% viverá em centros urbanos, em perto de 40 milhões de novos domicílios, segundo o documento “Cenário Socioeconomico e Demanda de Energia”, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), base da elaboração do Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, do Ministério de Minas e Energia, que define as políticas energéticas do país e, consequentemente, os planos de investimentos futuros.

O mesmo documento vem ao encontro dessa nossa discussão, com uma questão básica e estratégica: qual será e como planejaremos o oferecimento da energia necessária para mover o Brasil do futuro? É bom lembrar que o mesmo documento sinaliza que o potencial hidrelétrico brasileiro não tem condições de atender ao crescimento da demanda até 2050.

Antonio Carlos Mendes Thame é professor (licenciado) do Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, deputado federal (PSDB/SP) e presidente do capítulo brasileiro da Organização Global de Parlamentares contra a Corrupção (GOPAC).

 

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