Mendes Thame

14/02/2014 | Apagão no planejamento

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Antonio Carlos Mendes Thame¹

Há uma diferença muito grande entre administrar, que é cuidar apenas do cotidiano, e governar, que é olhar para o futuro, prever o que possa acontecer. É por isso que quando se fala em ato do governo federal, sentimos essa imensa falta de planejamento. O governo federal brasileiro apenas administra. Os reflexos da falta de previsão, de planejamento e de investimentos oportunos ficam claros na precariedade da infraestrutura de transporte, na mobilidade urbana e no sistema elétrico, que teve novo colapso no início deste mês.

No dia 4 de fevereiro, um apagão afetou 6 milhões de pessoas nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Centro Oeste do País. O corte de energia elétrica ocorreu três minutos depois do pico, após o Sul do país atingir o recorde de demanda por energia elétrica. Para especialistas, o curto espaço de tempo entre os dois episódios indica que são eventos correlacionados, mas o Operador Nacional do Sistema nega. Independente da explicação, o fato mostra que o governo não previu, não fez um planejamento responsável para o sistema elétrico.

Foi o 10º blecaute da atual gestão, consequência da falta de investimentos e de gerenciamento do setor, revelando a fragilidade nesta área e o risco de o país sofrer um colapso no fornecimento de energia.

O Brasil precisa de um sistema energético mais seguro e moderno. Só no ano passado, foram 71 ‘apaguinhos’, com pelo menos dez minutos de duração. Na média, os brasileiros ficaram 16,5 horas sem luz em 2013. Nunca antes na história, ficamos tanto tempo na escuridão.

O fato é que o modelo idealizado  e adotado por Dilma na área de energia está provocando inúmeros prejuízos ao Brasil e opera, segundo analistas, à beira do limite.

O sistema elétrico nacional vive no fio da navalha. Os reservatórios registram níveis mínimos históricos, enquanto o consumo de energia bate recordes sucessivos, e a oferta não avança no mesmo compasso. As obras de expansão da geração e da transmissão estão atrasadas, e as empresas do setor, com muitas dificuldades financeiras.

Segundo o próprio Planalto, estão atrasadas 22 das 25 hidrelétricas e 22 das 35 termelétricas atualmente em construção no país. Cerca de 15% do parque eólico brasileiro está ocioso por falta de conexão ao sistema interligado.

Com as linhas de transmissão, os atrasos são, em média, de 13 meses, mas há projetos cuja demora já alcança quatro anos. Com isso, metade da energia prevista para ser agregada ao sistema elétrico nacional nos próximos dez anos enfrenta complicações graves para sair do papel.

Em termos pluviométricos, este é o pior verão em décadas, mas é o terceiro seguido com chuvas abaixo da média histórica. E o que fez o governo Dilma diante destes reiterados alertas? Simplesmente incentivou o aumento do consumo.

Isso faz com que as térmicas sejam usadas por mais tempo, o que eleva o custo para o Tesouro de manter a ilusão da energia barata. O desequilíbrio do setor provocado pelo atual governo tem um preço alto. Só no ano passado, o Tesouro Nacional teve que despejar R$ 22,6 bilhões para compensar as empresas do setor elétrico pelas perdas decorrentes da intervenção patrocinada pelo governo petista. Neste ano, a conta deve ser de mais R$ 18 bilhões. O que o consumidor deixou de pagar com a propalada redução da conta de luz, o contribuinte está pagando, com juros.

Outro fato é que, para garantir custos mais baratos, as empresas de energia têm negligenciado os investimentos em manutenção. Gasta-se cada vez menos para garantir linhas de transmissão em bom estado, e, com isso, o sistema vai ficando cada vez mais vulnerável.

Neste momento, desenvolver um bom programa de aumento da eficiência energética, de combate aos desperdícios do sistema e de convocação para o uso racional na energia, teria, com certeza, efeitos bem mais positivos.

 

¹Antonio Carlos Mendes Thame é professor (licenciado) do Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e Deputado Federal (PSDB/SP).

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