Durante o primeiro painel de discussão do Seminário Internacional de Combate à Corrupção, realizado nesta quarta-feira (19) pela Gopac-Brasil, os debatedores citaram a falta de planejamento em empreendimentos públicos, a ausência de legislação e de fiscalização mais rígida e o desinteresse de  parte da classe política como males que contribuem para os desvios de conduta e de recursos públicos. Já no segundo painel, alguns dos jornalistas mais renomados do país ressaltaram a importância da imprensa no combate à corrupção.

A Gopac – Organização Global de Parlamentares Contra a Corrupção (Gopac) – é uma  rede mundial de parlamentares que se dedica à correta governança e ao combate à corrupção em todo o mundo. No Brasil, a organização é presidida pelo deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP). O tucano é o responsável pelo evento e foi o moderador do primeiro painel, que teve como tema “O papel do Legislativo na fiscalização e no aprimoramento de um arcabouço legal contra a corrupção”. Para o tucano, é preciso que haja uma grande união de forças entre Legislativo, Judiciário e Executivo – somada à indignação social – para fazer com que o combate seja mais árduo a toda e qualquer forma de corrupção.

De acordo com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, o maior problema existente é a falta de planejamento, pois graças a ela os governos realizam obras e ações que sempre consomem mais recursos do que o previsto, o que abre caminho para os superfaturamentos e desvio de verbas também cada vez maiores.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coelho, defendeu que a votação de matérias no sentido de combater a corrupção seja uma prioridade no Congresso Nacional. Segundo ele, é preciso ainda combater as causas que levam à corrupção. Uma delas seria o atual modelo de financiamento das campanhas eleitorais no Brasil. “Temos campanhas milionárias nas quais estão o cerne de boa parte da corrupção”, alertou.  O presidente sugeriu ainda que a Gopac proponha a todos os presidentes da República e governadores de estados que assumam o compromisso de pagar as despesas na ordem cronológica. Segundo ele, no momento em que o gestor pode escolher quais despesas pagar primeiro, agraciando algumas em detrimento de outras, se abre caminho para negociações ilícitas.

Já no segundo painel de debates,  que tratou do “Papel da imprensa no combate à corrupção”, os participantes ressaltaram a participação dos veículos de comunicação como instrumentos de denúncia e muitas vezes de fiscalização. Os jornalistas participantes lembraram de importantes exemplos, como o mensalão,  nos quais o papel da imprensa foi fundamental.

Eliane Catanhêde, da Folha de São Paulo, lembrou que a primeira cassação de um senador da República só aconteceu depois que a mídia deu notoriedade a uma investigação que já ocorria há anos. A jornalista criticou a tentativa do PT de controlar o conteúdo da mídia e afirmou que a imprensa continua fazendo seu papel de sempre, mas perdeu o apoio do partido que antes, como oposição, defendia a atuação investigativa da mídia. Segundo ela, independentemente de quem esteja no poder, a imprensa não pode tomar partido, mas deve buscar a ética. Falta, em sua avaliação, debater mais as causas e para isso entrar no debate e estimulá-lo, ao invés de apenas focar nos  fatos e nos corruptos. Leonardo Cavalcanti, do “Correio Braziliense”, reforçou a tese de que a imprensa é fundamental para fazer com que  Legislativo trate do tema.

O Seminário Internacional de Combate à Corrupção ocorre no Auditório Nereu Ramos, no anexo II da Câmara dos Deputados. À tarde parlamentares do PSDB participarão de um dos debates: “Reforma Política com vistas ao combate à corrupção”. Confira a cobertura completa em nosso site.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)

Fonte: PSDB na Câmara