Deputados petistas atrapalharam nesta quarta-feira (26) a aprovação de requerimento do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) na Comissão de Relações Exteriores que pede a aprovação de denúncia de violação, por parte da Venezuela, das cláusulas democráticas em virtude das graves violações aos direitos humanos perpetrados contra o povo do país vizinho. O tucano cobra do Brasil um posicionamento a respeito. Será realizada audiência pública para debater o assunto, ainda sem data confirmada.

Segundo Thame, nessa discussão a ideia é trazer a deputada venezuelana Maria Corina Machado, que foi sumariamente cassada na última segunda-feira (24) por fazer oposição ao regime de Nicolás Maduro. O parlamentar do PSDB sugere que a denúncia seja encaminhada para a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), ao Parlamento Latino-americano (Parlatino) e ao Conselho do Mercado Comum (CMC-Mercosul). Outro requerimento foi encaminhado para a Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul.

No requerimento, o deputado afirma que os princípios de respeito à dignidade da pessoa humana foram violados. O mais grave é a denúncia, feita pela imprensa, de que os atos de violência teriam a participação de milícias armadas que desrespeitam direitos humanos sob a proteção e apoio do governo. Entre 1999 e 2013 a criminalidade cresceu mais de 300%. Além da violência crescente, o povo enfrenta a escassez de alimentos e inflação que ultrapassa 50%. A economia baseada na exploração de petróleo está enfraquecida.

Em fevereiro, o estupro de uma estudante no campus universitário de San Cristóbal foi o estopim para que estudantes se juntassem aos grupos que protestavam contra a grande criminalidade e o alto custo de vida. Em Caracas, Maracaibo e Barinas as manifestações cresceram sob a liderança do líder oposicionista Leopoldo López. A repressão do governo de Nicolas Maduro foi violenta: 13 pessoas foram mortas, entre elas a Miss Génesis Carmona; mais de 140 pessoas feridas e 539 presas, sem acusação formal, entre elas Leopoldo López.

De acordo com o requerimento, a liberdade de expressão também está ameaçada. Os veículos de comunicação estrangeiros, entre eles, o canal norte-americano CNN é constantemente ameaçado e a concessão de funcionamento das emissoras contrárias ao governo de Maduro, a exemplo da RCTV não são renovadas. As imagens da violenta polícia venezuelana são divulgadas pelo Youtube.

Segundo Mendes Thame, a Venezuela é membro integrante das Organizações das Nações Unidas e por isso deve respeitar o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que, em síntese, estabelece respeito, sem qualquer tipo de discriminação e deve buscar a manutenção da paz. Também deve observar o Pacto de San José da Costa Rica, que tem por objeto proteger a “integridade física, psíquica e moral”, bem como a proibição de “torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes”.

A Venezuela é país estratégico da América do Sul, produz mais de 2 milhões de barris de petróleo por dia sendo, inclusive, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP. Também é membro do Mercado Comum do Sul (Mercosul), desde o dia 31 de julho de 2012. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro é o atual Presidente do bloco econômico.

(Da redação)

Fonte: PSDB na Câmara