Piracicaba, segundo pesquisas feitas pela Confederação Nacional do Transporte, dispõe de duas das melhores rodovias do Brasil: a SP-147, que liga Piracicaba a Limeira, indo até Mogi Mirim, e a Rodovia dos Bandeirantes, considerada a melhor do Brasil. O ranking analisou quase 100 mil quilômetros de vias pavimentadas, para ao final selecionar as 20 melhores, mais bem planejadas e executadas e, em consequência, as mais seguras.

Nem sempre, porém, foi assim. Em 1993, quando assumi a Prefeitura de Piracicaba, as rodovias que nos serviam deixavam muito a desejar. Como agravante, um acidente, ocorrido há 20 anos, no final da tarde do dia 20 de maio de 1994, envolvendo um ônibus que transportava estudantes de Rio Claro à Unimep, o qual colidiu de frente com um caminhão carregado de piche, provocando a morte de 29 pessoas, 22 deles jovens estudantes.

Consternação e revolta. Há décadas, melhorias e duplicação da rodovia estavam sendo reiteradamente solicitadas ao Estado, sem sucesso.

Na época, como agora, o mote era a interiorização, o desenvolvimento e a criação de polos regionais, todos dependentes da mobilidade interurbana, ou seja, mais e melhores rodovias, e Piracicaba estava à margem dos planos elaborados.

No inicio do século passado, a navegabilidade do rio Piracicaba era feita por barcos a vapor, que levavam carga para a capital. Com a vinda das ferrovias, os vapores foram deixados de lado, fato que se repetiria 50 anos depois com as próprias ferrovias, suplantadas pelo transporte rodoviário, mais cômodo, numa época em que o petróleo era barato.

Esses fatos e a extinção dos ramais ferroviários da Paulista e Sorocabana explicam o porquê da preocupação em melhorar nossas rodovias.

Em 1995, Mário Covas assumiu o governo do Estado, abrindo caminho para importantes reformas. Em apenas dois anos, conseguimos, junto ao governador, a liberação da duplicação e modernização das rodovias que nos ligam a Rio Claro e Limeira. Ato contínuo, investimos na mudança do projeto da Rodovia dos Bandeirantes (hoje em 1º lugar entre as rodovias brasileiras), missão para muitos impossível, visto que o Estado já a havia projetado para as bandas de Paulínia, cidade que atingira grande potencial de desenvolvimento devido à refinadora de petróleo ali instalada.

Trazer a Bandeirantes para nosso lado era importante para o desenvolvimento de Piracicaba e região. Tratava-se de uma oportunidade única. Tentamos mobilizar a região, e recebemos o apoio de José Maria Araújo, prefeito de Santa Barbara D’Oeste. Várias reuniões foram realizadas, todas com a presença do nosso secretário João Chaddad, e nova argumentação, propostas e levantamentos foram colocados na mesa de negociação. Dezenas de encontros com o governador, com o DER e Secretaria dos Transportes, até que o impossível deixou de sê-lo: foi obtido o novo traçado, indispensável para colocar Piracicaba no tramo superior de transporte rodoviário do Estado e do Brasil.

Outras lutas se sucederam, como conseguir o ramal de gás encanado, importante para o setor industrial. Piracicaba havia inicialmente ficado fora do projeto de expansão da Comgas, porque simplesmente não havia sido apresentado o levantamento das empresas interessadas em utilizá-lo.

Finalmente, o apoio do governador foi decisivo para conseguirmos a expansão da Rodovia do Açúcar, importantíssima para atingirmos o sul do país e o cone sul do continente.

Essas conquistas estão no embrião do desenvolvimento de Piracicaba e região nos últimos anos, sendo determinantes para a vinda de indústrias de padrão internacional, para instituir o polo automotivo, para a instalação de novas escolas, faculdades, ETECs e FATECs, para a valorização da mão de obra e para a criação de novas perspectivas para nossa juventude.

Por tudo isso, temos convicção de que nossa região continuará sendo forte vetor de desenvolvimento, gerando empregos, renda e melhorando o cotidiano das pessoas.

Antonio Carlos Mendes Thame é professor (licenciado) do Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, deputado federal (PSDB/SP) e presidente do capítulo brasileiro da Organização Global de Parlamentares contra a Corrupção (GOPAC).